sexta-feira, janeiro 27, 2006

Desfazendo equívocos

Num curioso artigo de fundo publicado na passada terça-feira no jornal ‘A Bola’, Miguel Sousa Tavares reafirma-se um diligente guardião da ‘revolução dos cravos’ com o sonoro título – ’25 de Abril sempre’!
E alerta para os sinais, já visíveis a sul, centrados na capital e irradiantes da 2ª circular que segundo sugere, indiciam a conspiração das forças obscuras do antigamente!
Ora bem, eu costumo acompanhar Sousa Tavares naquele percurso em que identificamos o mesmo inimigo principal – o nacional-benfiquismo – mas depois, desço daquele comboio e sigo um caminho diferente.
É o caso em apreço.
E senão, vejamos: - Com o tempo que tenho de casa, (leia-se, ‘país’), já percebi que nestas coisas de 25 de Abril cada um tem o seu!
E por isso vou tentar adivinhar qual é o que corresponde ao famoso jornalista e escritor. Não deve andar muito longe daquele que provocou uma autêntica indigestão na maior parte dos clubes das Associações de Futebol de Lisboa e de Setúbal e que por via disso, faliram e desapareceram da 1ª divisão. Compreende-se que com o seu desaparecimento, desapareceu também a força dos dois grandes clubes de Lisboa, que jogavam sempre em ‘casa’, além de controlarem com os votos das duas citadas Associações, a Federação e obviamente a arbitragem!
Porque é assim que se ganhavam e ganham os campeonatos em Portugal, nada mudou nesse aspecto.
Ou por outra, mudou sim senhor com o outro 25 de Abril, que se calhar Miguel Sousa Tavares não quer deslindar: - o que fez emigrar o dinheiro para o Norte do País, que manteve empresas e emprego, e que foi muitíssimo bem aproveitado por Pinto da Costa, recriando a Norte a estrutura de poder que antes existia a sul.
Tudo igual, incluindo o poder sobre a arbitragem!
E não vale a pena falar no campeonato ganho pelo Boavista. Sem querer tirar mérito a Jaime Pacheco e aos jogadores, não nos podemos esquecer das crónicas que o ilustre comentador escreveu a propósito. Refiro-me à complacência com um tipo de futebol que roçava a violência, à onda de suspeição, aos processos sobre ‘apitos e derivados’ que se seguiram, etc.etc.etc.
Bem gostaria que Miguel Sousa Tavares se interessasse por algumas questões que já vi formuladas nos seus artigos de opinião, mas que infelizmente ficaram sem resposta:
Porque é que não existem clubes de dimensão média no futebol português?
Porque é que existe um diário desportivo que precisa de ter duas versões para as mesmas notícias, consoante se dirige ao público do norte ou do sul?
É por aqui que passa a grande conspiração a fazer, a tal revolução que beneficie o futebol português no seu conjunto e não apenas os três clubes, que à vez, o utilizam a seu belo proveito.
Mas para isso precisávamos de jornalistas, escritores ou não, que deixassem de ser facciosos, que descobrissem por si, que sem verdadeiros adversários não há verdadeira competição.
Saudações belenenses.

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