quinta-feira, julho 20, 2006

Juízes de Fora

Já vinha alertando para a falta de credibilidade dos órgãos da Federação, todos, para não me enganar, mas especialmente dos chamados ‘órgãos judiciais’, eleitos na mesma lista com os outros órgãos executivos e por via disso também dependentes dos apoios que propiciaram a respectiva eleição.
Ora estes apoios transformam-se rápidamente em facturas que é preciso pagar para podermos ser eleitos de novo, facturas que correspondem naturalmente a troca de favores, favores que se tornam cada vez mais suspeitos numa actividade que envolve milhões e ainda por cima alcandorada por certos políticos a desígnio nacional!
Quero com isto dizer que não existem pessoas sérias?
Longe disso, quero apenas reafirmar que o sistema tem a sua lógica muito difícil de contrariar em termos meramente individuais. Nem sequer é um problema do futebol, está antes do futebol, na promiscuidade entre o poder político e o poder judicial, bastando para tanto lembrar o Tribunal Constitucional, o mais elevado tribunal de apelo, e a forma como são preenchidos os respectivos lugares! Deste labirinto ninguém escapa, inclusivamente a figura do Chefe de Estado, saindo também ele deste regime totalitário de partidos políticos, e sabendo que só será eleito se desfrutar do apoio do Partido Socialista ou do Partido Social Democrata, ou de ambos!
Vem isto a propósito do incrível Acórdão proferido pelo Conselho de Justiça da Federação, mandando arquivar o ‘processo Nuno Assis’, cedendo às exigências e aos interesses do Benfica, e ao mesmo tempo a plena incapacidade do mesmo Conselho de Justiça em julgar, como lhe compete, do cumprimento ou incumprimento da lei no ‘Caso Mateus’, certamente porque os interesses do Belenenses não lhe interessam!
Registe-se entretanto uma nova dualidade de critérios, desta vez vinda do Governo: ignorou o ‘Caso Mateus’, mas indignou-se com o ‘Caso Nuno Assis’!
É pois perante este descalabro das instâncias judiciais da bola indígena, que talvez fosse útil entregar estes e outros casos, a Juízes de Fora, isentos e imparciais, sem dependências internas de qualquer espécie, seguindo assim o avisado procedimento do nosso Rei Afonso IV, e para resolver o mesmo tipo de ‘problemas’.
Saudações azuis.

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