sexta-feira, dezembro 22, 2006

Um sentido para a derrota

Digerir quatro golos sem resposta não é fácil. Encontrar explicações para o facto, também não. Justificar o sucedido com aplausos ou sorrisos de satisfação, isso nunca.
Começo pelo fim: esta derrota só terá alguma serventia se for encarada como mais um degrau da longa escadaria que nos há-de elevar a outra condição. Ao estatuto que perdemos…e merecemos.
A crónica vai nesse sentido.
Perdemos no Estádio da Luz porque tivemos medo do adversário, porque se mantém o temor reverencial próprio de clubes pequenos, de um país pequeno. O Belenenses não ajudou Jorge Jesus a ganhar! As falhas aconteceram no sector considerado mais forte, mais coeso, em jogadores com muitos jogos nas pernas, mas que subitamente fraquejaram, escorregaram, pequenas coisas, gestos precipitados, principalmente naquele período de jogo em que não podíamos facilitar – a primeira parte.
Sofrer quatro golos de bola parada, é obra. E a sensação que ficou é que poderíamos ter sofrido mais se existissem mais lances semelhantes! Isto não tem nada a ver com sorte ou azar, é pura nervoseira.
Vamos lá então digerir o prato do dia:
O primeiro golo resulta de penalty escusado, fruto de uma precipitação de movimentos de um defesa que nos últimos jogos vinha rubricando excelentes exibições!
O segundo golo é caricato: um livre indirecto, marcado directamente para a baliza, a bola toca na barreira, talvez em José Pedro, e muda de trajectória. Costinha tem que corrigir a rota, escorrega, e não consegue evitar o golo.
No terceiro golo, livre marcado bem longe, junto à linha lateral, Nuno Gomes, que terá vindo de uma posição irregular, ganha de cabeça a Gaspar, enviando a bola para o centro da área onde acorre Kikin Fonseca, mais lesto que Nivaldo, e faz o golo de cabeça.
Quarto golo: novo livre ainda longe da área, Beto simula que vai marcar, Simão aproveita para lançar a bola para a pequena área, a linha defensiva do Belenenses desfaz-se, com Alvim a colocar em jogo três jogadores encarnados. Katsouranis cabeceia em arco para o fundo das redes à guarda de um surpreendido Costinha.
Podíamos dizer: se tivéssemos marcado primeiro, a história do jogo seria diferente. É verdade, mas não marcámos. Também se colocam outras hipóteses: ouvi alvitrar que se tem jogado o Meyong, tínhamos apontado pelo menos dois golos. Talvez, e perderíamos por quatro a dois!
Foi pena que na hora da verdade tudo tenha acontecido, parecia bruxedo.
Jesus fez uma pequena alteração na equipa: entrou Eliseu de início, não jogando, como vem sendo hábito, com Cândido Costa na posição de primeiro defesa direito. Será que Gaspar acusou demasiado esta mudança!
Ruben Amorim esteve bem a marcar Simão e na segunda parte realizou grande exibição! Dady desperdiçou muito, mas esteve lá, no sítio onde se marcam os golos. Eliseu está em boa forma, mas continuo na minha: gosto mais de o ver no meio, a ponta de lança. Com trabalho, pode fazer-se.
Esta é a minha análise de um jogo em que mentalmente fraquejámos, mas que pode servir de trampolim para melhores exibições se tivermos a coragem de perceber porque é que perdemos… jogando bem.
Saudações azuis.
JSM

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