domingo, novembro 30, 2008

Bailinho da Madeira

“Não podemos entrar já em desespero”, disse Jaime Pacheco no fim do jogo, pois não, mas para quem já anda desesperado há uma data de tempo, a frase não faz sentido. E escusam de seleccionar responsáveis ou bodes expiatórios – incluindo Fernando Sequeira e Casimiro Mior que têm lugar cativo nos comentários das derrotas (!) – deixem essa tarefa de seleccionador ao Queiroz, concentrem-se no jogo propriamente dito e reparem no seguinte:

1. A equipa que iniciou o jogo contra o Marítimo não era formada pelo famoso ‘contentor’ de brasileiros da era Sequeira/Mior. Apenas Carciano e Arroz alinharam à partida, uma vez que Alex foi contratado para, segundo os entendidos, ‘salvar’ a defesa dos ‘pernas de pau’ que por lá andavam!
2. Mas não eram decorridos três minutos de jogo e já o nosso Alex tinha deixado passar o Baba (que rematou ao poste) e logo a seguir, por falta de pernas, o Djalma, o que lhe valeu um justo cartão amarelo.
3. Aliás a falta de pernas (e de ritmo) é uma doença azul e sem querer ser injusto para ninguém acrescento que nestas condições físicas (ou psico-físicas) não temos quaisquer hipóteses de permanecer na primeira Liga. E volto ao mesmo, dos jogadores que iniciaram o encontro, apenas Mano e Carciano revelaram andamento para acompanhar os jogadores insulares. Isto não tem a ver com entrega ou espírito de luta, tem a ver com disponibilidade física e mental. Por exemplo: Wender não consegue fazer um pique; Zé Pedro demora uma eternidade a controlar a bola e virar-se; Cândido Costa e China não têm velocidade de pernas para acompanhar um ‘ciclista’ que lhes apareça pela frente; com a agravante de China ter dificuldades em recuperar posição; e lá na frente não existe um único jogador com velocidade para desequilibrar uma defesa.
4. Mas voltando ao jogo, e ainda na primeira parte, a inclusão de Arroz terá sido um erro de casting, mas a verdade é que não temos verdadeiros trincos no plantel, para além do Gabriel Gomez, castigado!
5. Porém a grande pecha deste Belenenses 2008/2009 acaba por ser o ataque, basta olhar para o goal-average para termos a certeza que o nosso futuro é sombrio. É certo que sofremos muitos golos mas a verdade é que não marcamos. E sem golos não há pontos e sem pontos estamos condenados aos últimos lugares.
6. E a aritmética é simples: quantos golos por época valem os actuais avançados? Roncatto, o melhor tecnicamente, é uma espécie de segundo ponta lança mas já sabemos que não é um goleador. Falha muito e não há-de marcar mais que três ou quatro golos no campeonato; Porta é uma incógnita; JPO é imaturo, passa a vida a cair, talvez marque dois ou três golos de cabeça; resta Marcelo, o que é curto. Quando sabemos também que são os golos que transformam jogos maus em jogos bons. Por exemplo: se no princípio da segunda parte o Marcelo tem tido a arte de empatar era bem possível que tudo se alterasse, e animados com esse golo a história deste jogo fosse outra. Só que o chamado ‘killer instinct’ não abunda em Belém.
Por isso finalizo esta análise com pouco optimismo. Precisamos de marcar golos, e ainda por cima os lances de bola parada são por nós desperdiçados uns atrás dos outros, enquanto os adversários, pelo contrário, os aproveitam! Aquele segundo golo então é de bradar aos céus! Recomendo que o analisem e revejam antes de se atirarem, como é costume, ao ‘contentor de brasileiros’!

Resultado final: Belenenses 0 – Marítimo 2

Saudações azuis.

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