terça-feira, setembro 08, 2009

Um dia como os outros

As Misericórdias, instituídas pela Rainha Dona Leonor no século XV, pertenciam à sociedade civil e regulavam-se pelas 14 normas da caridade cristã. Assim prosseguiam os seus fins de assistência social, fins que justificavam algumas prerrogativas que a comunidade reconhecia e aceitava com naturalidade. A exclusividade da lotaria e outros jogos é uma dessas prerrogativas.
Porém, a justificação começa enviesar-se quando o Estado, socializante e anti-religioso resolve apropriar-se (para seu proveito e glória) daquelas irmandades. Uma primeira tentativa no século XIX e finalmente a consumação do acto em Abril de 1974.
Portanto, hoje, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, é uma organização laica, dirigida pelo Estado laico, e duvido que continue a regular-se pelas 14 normas da caridade.
Por isso também, já não fazem sentido as prerrogativas que possui (monopólio do jogo, por exemplo) uma vez que é sempre suspeito, alguém (neste caso o Estado) atribuir prerrogativas a si próprio!
Já bem basta o que basta.

Saudações azuis.

Adenda: As 14 normas da caridade cristã são as seguintes:

(As sete obras corporais)

1. Dar de comer a quem tem fome.
2. Dar de beber a quem tem sede.
3. Vestir os nus.
4. Dar pousada aos peregrinos.
5. Assistir aos enfermos.
6. Visitar os presos.
7. Enterrar os mortos.

(As sete obras espirituais)

1. Dar bom conselho.
2. Ensinar os ignorantes.
3. Corrigir os que erram.
4. Consolar os tristes.
5. Perdoar as injúrias.
6. Suportar com paciência as fraquezas do nosso próximo.
7. Rogar a Deus por vivos e defuntos.

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